sábado, fevereiro 11, 2006

Nordeste Transmontano


Embora o não seja na certidão de nascimento, a minha alma tem um quê de transmontana.
Esta pequena aldeia viu as alegrias e tristezas contadas nas muitas histórias que ouço desde pequena e todos os momentos que aqui passei desde que me conheço como gente.
O tempo e a vida atribulada que fazemos questão de viver fizeram com que as visitas a este lugar e a esta gente se tornassem mais espaçadas. No entanto, a certeza em voltar e o amor que sinto por esta terra está sempre presente.
Sei que aqui há sempre alguém que me «salva» com um bom dia ou boas tardes; sei que a terra continua forte, com o seu tom laranja e que na Primavera é verde e no Verão amarela; sei que as vacas, com os seus grandes olhos ternurentos passam na rua a caminho da ordenha todas as manhas e fins de tarde; sei que no Verão há sempre uma conversa nas soleiras da porta ou no muro da igreja; sei que os castanheiros continuam imponentes e inalteráveis com os seus grandes troncos retorcidos pelo tempo; sei que no Inverno há sempre uma lareira acessa e na rua um vento gelado; sei que as andorinhas fazem os seus ninhos nos beirais dos telhados; sei que há sempre uma boa alheira na braza; sei que as torradas de pão de trigo, a carne de vitela e o queijo de cabra continuam a ser os melhores do mundo e sei que o silêncio, aquele silêncio absoluto, apenas é violado pelo toque no sino da igreja...

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

agora a sério. partilho dessa afinidade e cumplicidade. adorável. só espero que o sino não seja daqueles electrficados e com amplificação.

2/13/2006 4:45 da tarde  

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